MEIO AMBIENTE -  Como atrair corrupião

Raças

BlogRaça RuraltecTV – Bovinocultura de corte – Senepol

Touro Senepol
A origem
 
Nos anos de 1800, bovinos da raça N’Dama, foram importados do Senegal, Oeste africano, para a ilha caribenha da Saint Croix, Ilhas Virgens. O N’Dama, um Bos Taurus foi uma excelente alternativa para o Caribe não só por sua resistência ao calor, insetos, parasitas e à doenças, mas também pela habilidade de sobrevivência em regiões pobres de pastagens. 
Rebanho da raça N’Dama
 
Em 1889, Henry C. Neltropp, um do maiores criados de N’Dama possuía um rebanho de 250 cabeças, que era um rebanho de animais puros. Bromlay filho de Henry C. Neltropp queria desenvolver um bovino que combinasse aptidões a nível superiores de produção com as condições ambientais das Ilhas Virgens. Esforços anteriores em introduzir bovinos de regiões de clima temperado haviam fracassado devido ao estresse calorífico e nutricional que estes animais sofriam ao serem submetidos às condições duras de clima e pastagens da ilha. 
Touro Red Poll
Em 1918 foram introduzidas genéticas de Red Poll para o rebanho de Neltropp, com o intuito de melhorar a habilidade materna, fertilidade e dar caráter mocho aos animais. Esta mescla de Red Poll com animais N’Dama foi relativo sucesso para fundar a base da raça Senepol.

Características
 
– Investimento seguro – apresentam rápido crescimento, fazendo com que o ciclo de engorda seja muito curto. Elevada capacidade de transformação de pasto (proteína vegetal) em carne (proteína animal) deixando o gado pronto para o abate rapidamente, ou seja, com maturação de peso e carcaça frigorífica em idades ainda precoces. Apresenta ganhos diários de 1,5 a 2,5 Kg/cabeça/dia, dependendo da idade de avaliação e do manejo nutricional. Desmama com 50 a 60% do peso da mãe aos oito meses de idade em média. Os bezerros durante a desmama são pesados variando entre 220 a 260 Kg fêmeas e 240 a 300 Kg machos, permitindo a comercialização de bezerros com preço de 30 a 50% acima da média do mercado de reposição.

– Padronização da produção – apresenta tamanho moderado, cor padronizada e mocho, permitindo carcaças frigoríficas mais padronizadas. O caráter genético dominante faz com que suas crias nasçam naturalmente em 95% dos casos herdando características dos taurinos. Apresentam pelagem variando do  amarelo claro ao vermelho (retinto), e homogeneidade no tamanho, proporcionando assim uma padronização parelha dos produtos, eliminando por completo o animal recessivo, ou seja, o conhecido “refugo”. 

– Tolerância ao calor – pela origem genética aliada a um processo de seleção fechada por séculos nas ilhas caribenhas, a raça apresenta alta capacidade de adaptação a diferentes ambientes, níveis de manejo, encontrando alimento em lugares que outras raças dificilmente têm capacidade de obter. Pode sobreviver sem água por vários dias, além de viver bem, em regiões pantanosas, de mata, de cerrado, áridas, de campos quentes ou frios. Os cascos pretos, fortes, e resistentes a todo tipo de solo e topografia favorecem a raça. 

– Pelo Zero – apresentam pelo zero, transferindo seus genes para seus filhos, reduzindo a presença de animais taurinos cabeludos. No cruzamento industrial no mínimo em 90% dos acasalamentos com outros taurinos apresentam pelo zero.

– Baixo índice de infestação de ecto e endoparasitas – a raça N’Dama, é a única entre os taurinos naturalmente resistentes à mosca que causa a doença do sono ou Tsé-tsé no continente africano e a carrapatos, devido a rápida coagulação superficial dificultando a alimentação desses parasitas, transmitindo aos seus descendentes essas condições, mostrando assim uma imunidade elevada. Isso proporciona economia no manejo dos animais com baixos custos de produção em condições normais. Apresenta alta resistência a moscas pois o pelo curto (zero), de alta densidade de fios por 2 cm (porém não é cabeludo como a maioria dos taurinos), dificulta o acesso da mosca à pele do animal.

– Criado a pasto sem necessidade de manejo especial – Em qualquer condição de manejo, o Senepol se adapta facilmente, e por esta característica é que vem sendo muito utilizado, com muito êxito, para compor genética nos programas de cruzamento industrial. Ao nascimento rapidamente fica em pé e já começa a mamar o colostro. Diminuindo problemas com a cria e recria de bezerros, pois o trabalho de manejo é menor. O que favorece maior segurança ao pecuarista, pois o risco de perda do rebanho por qualquer intempérie, ou condição desfavorável de clima e manejo quando comparado a outras raças é bem menor. – Longevidade – vacas com 15-20 anos de produção. Apresenta alta qualidade reprodutiva e de longevidade. Touros reprodutores permanecem nos planteis de reprodução como aptos à função por muitos anos. 

– Alto desempenho reprodutivo e libido – os touros Senepol cobrem a campo e sob calor, inclusive nas horas mais quentes do dia. Mostra altas taxas de libido e dominância nos cruzamentos quando juntos com lotes de outras raças bovinas. As fêmeas são muito férteis, o que favorece a menor quantidade de matrizes vazias, portanto improdutivas na fazenda. São boas mães, com elevado instinto de cria e cuidados para com a progênie, sem serem agressivas com a mão de obra que assiste às parições e faz o manejo de cura dos umbigos. As fêmeas têm aptidão para produzir leite para amamentar o bezerro.

– Alto índice de confirmação de prenhezes por monta natural – os machos apresentam umbigo curto, pernas pequenas, carcaça muito comprida o que ajuda na fecundação, são muito espertos e ágeis no momento da cópula. Peso estável quando adulto, prolonga a vida reprodutiva do touro, quando comparado com outras raças. Segue a vaca no cio, onde ela estiver, no pântano, na mata, no cerrado, na serra, no árido, nos campos frios. Quando em lotes junto com outros reprodutores de outras raças, geralmente é dominante, sendo o primeiro a cruzar com a matriz. Existem indivíduos raçadores de centrais que produzem até 1.000 doses viáveis de sêmen por ejaculação, quando a média é de 250 a 300 doses. 

– Desmama com maior peso – As fêmeas produzem boa quantidade de leite, desmamando a bezerra aos oito meses, pesando de 50 a 60 % o peso corporal da mãe. Período de lactação de 268 dias e média em pico de lactação de até 11,3 Kg leite. 

– Heterose a pasto – a raça garante 100% de heterose e eficiência no cruzamento industrial. A heterose, também chamada de vigor híbrido ou choque sanguíneo, é um fenômeno pelo qual os filhos provenientes de cruzamento de raças diferentes apresentam melhores desempenhos, como maior produtividade, resistência e precocidade que seus pais. O Senepol por seus méritos incomparáveis quando considerada a conjunção de características, como adaptabilidade extrema aos trópicos, qualidade de carcaça, precocidade de acabamento, fertilidade, entre outras, trouxe a possibilidade de se recuperar a dimensão e o valor desta indispensável ferramenta da pecuária de corte, seja pela perspectiva da monta natural a pasto ou mesmo pela inseminação artificial.

– Precocidade – garrotes iniciam vida reprodutiva mais cedo. Pela elevada taxa de crescimento, os garrotes atingem pesos corporais mais rapidamente, o que consequentemente os faz apresentarem precocidade para reprodução. É comum as fêmeas com 14 meses de idade apresentarem cio e estar aptas à reprodução e machos destinados a cobertura a campo com 14 a 16 meses. Já aos 12 meses os machos já começam a produzir sêmen viável à reprodução. As reprodutoras parem aos 24 meses com intervalos entre partos de 12 meses. Os tourinhos apresentam elevada CE (circunferência escrotal) ainda novos. 

As novilhas entram no cio com precocidade e a facilidade de parto permite vigor aos bezerros. Algumas doadoras entram no programa de inseminação aos 14 meses. Produtos de cruzamento Senepol são abatidos com 18 arrobas um ano antes dos outros animais de corte. O Senepol produz animais com 2 arrobas de peso a mais na desmama, ou seja, os animais são desmamados com oito meses em média, com 10 arrobas de peso, reduz em um ano ou mais o abate com mesmo peso de animais zebuínos abatidos com 30 a 35 meses. O gado é abatido com idade entre 20 e 24 meses com 18 arrobas.

– Docilidade – são animais mansos, de boa índole, inteligentes, que não apresentam risco no manejo. Permite facilmente a implantação do manejo racional do gado na fazenda. Nos cruzamentos abranda o instinto agressivo do zebu, sendo dominante em um lote de machos, contudo muito dócil ao trato humano. Reduz custos com manutenção de currais e instalações de manejo, preservando por mais tempo o patrimônio do pecuarista. Com caráter mocho, dominante em pelo menos 95% da progênie, elimina o manejo de descorna e o risco de acidentes na lida do dia a dia com o gado. Quase não dá coices, favorecendo o instinto dócil.

– Mocho – característica dominante e transmitida às progênies, proporcionado padronização marcante desde os animais POI até os cruzamentos. A grande maioria dos animais apresentam características padrões seja nas matrizes, novilhas ou touros. Caráter genético mocho dominante faz com que suas crias nasçam naturalmente mochas em 95% dos casos em que se cruza com outras raças.

Vantagens
 
– No pasto – é uma excelente opção para acabamento de animais a pasto. Sua capacidade de pastoreio, temperamento dócil e carne macia são ingredientes necessários para o sucesso no programa de acabamento de animais. Por sua capacidade extrema de encontrar alimentos onde nenhum outro animal encontraria, são considerados de baixa manutenção nutricional. 

– No confinamento – a raça continua provando através de programas de pesquisa que é um animal de alta performance tanto em confinamento como programas de terminação a pasto.

– Rentabilidade – o bezerro cruzado com Senepol vale 40% a mais que o zebu, gerando maior faturamento na produção.

– Maior quantidade de vacas por touro – um touro adulto Senepol cobre entre 50 e 60 vacas a campo, enquanto um Zebu cobre entre 25 e 30 vacas. A vida útil do reprodutor senepol é de até 10 anos enquanto de um zebu é de até 4 anos. Os garrotes cobrem aos 14 meses de idade, o índice de prenhez da vacada com touro Senepol é superior a 90%.

– Abate precoce – tem excelente conversão alimentar, o que a faz ter menor exigência de energia vinda dos alimentos para sua mantença corporal, logo, sobram nutrientes para rápido crescimento e rápido acabamento de carcaça, em especial em condições adequadas de pastejo, semi-confinamento, e confinamento. É excelente opção para acabamento de animais a pasto, por serem considerados bovinos de baixa manutenção nutricional. Apresentaram melhor acabamento de carcaça com espessura de gordura subcutânea de 5,6 mm.

– Rendimento e acabamento de carcaça elevados a pasto – permitem maior remuneração na venda de suas carcaças, devido o rendimento líquido da carcaça sem couro e miúdos e ganhos econômicos por premiação. Apresentam comprimento, profundidade, e largura necessários para se “colocar” carne na carcaça. Pernas curtas para o necessário deslocamento e cobertura sem o excesso de colocação de ossatura na carcaça (para o pecuarista, nas pernas não se deposita carne). É naturalmente musculoso, e com grande percentual de carne nas partes mais nobres. 

– Taurino que acompanha a vacada a campo – grande diferencial, afinal, 95% da pecuária de corte ainda se utiliza da monta natural. A adaptabilidade dos animais aos trópicos, sem dúvida alguma, faz com que o Senepol saia na frente das demais raças taurinas que não se adaptam ao nosso clima tropical e nem acompanham a vaca a campo. No Brasil, 93% das prenhezes resultam de monta natural e, para se obter a heterose desejada entre taurinos e zebuínos, o Senepol pode ser uma solução interessante.

– Segurança – reduz o índice de acidentes com mão de obra e infraestrutura não destruindo as instalações (curral, brete, porteira, etc), reduzindo a zero os índices de acidentes com mão de obra.

A raça no Brasil
 
No ano 2000, aconteceram as primeiras importações de animais Senepol, oriundos dos melhores rebanhos dos EUA e das Ilhas Virgens (Saint Croix). Fato estratégico foi que desde aquela época entraram no Brasil exemplares de excelente procedência e qualidade genética. A partir daí, a seleção feita pelos pecuaristas brasileiros permitiu ao país formar o maior e um dos melhores rebanhos da raça do mundo.

Leia também: