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Cafeicultura – Principais pragas

Grãos de café maduros recem colhidos - Fonte: Pixabay

Um pouco do contexto

Com uma colheita de cerca 40 milhões de sacas/ano, o Brasil além de ser o maior produtor mundial de café, é o maior exportador mundial! É também o segundo maior consumidor, perdendo apenas para os Estados Unidos da América.

As duas principais espécies de café cultivadas no solo brasileiro são o café arábica (Coffea arabica) e o café robusta (Coffea robusta), sendo o Brasil o maior exportador mundial de café arábica e o segundo maior exportador de café robusta.

Inúmeras são as pragas de importância econômica encontradas atacando o café no campo, que podem prejudicar o desenvolvimento e a produção das plantas. Por isso, elas devem ser constantemente monitoradas no campo, para que sejam adotadas as medidas de controle a fim de que o nível de dano econômico das pragas seja minimizado.

Conheça algumas das pragas mais comuns

Broca-do-café – Hypothenemus hampei (Coleoptera: Scolitidae)

É uma praga bastante prejudicial ao cafeeiro e ataca os frutos em qualquer estádio de maturação. As infestações da broca-do-café podem ser influenciadas por diversos fatores, tais como o clima, a colheita, o sombreamento, o espaçamento e a altitude. Níveis a partir de 30% de infestação são prejudiciais a produtividade e qualidade do café. Os machos da broca-do-café apresentam as mesmas características morfológicas das fêmeas, porém são menores com asas rudimentares e possuem o comportamento de não saírem dos frutos onde se originam. As fêmeas, após o acasalamento, perfuram a região da coroa, ovipositam em câmaras feitas nas sementes.

Após 4 a 10 dias da postura, nascem as larvas passam a broquear as sementes degradando o interior dos frutos de café. O período larval é de 14 dias, o período de pupa é de 7 dias em média, sendo que o desenvolvimento completo dura de 27 a 30 dias. Os prejuízos causados pela broca-do-café afetam a classificação e beneficiamento do mesmo, comprometendo a bebida do ponto de vista comercial.

A forma mais adequada para acompanhar a infestação da broca-do-café e para a tomada de decisão dos métodos de controle a serem utilizados é fazer a amostragem mensal dessa praga no cafezal principalmente no período de novembro até cerca de 70 dias antes da colheita. Outra sugestão é iniciar a amostragem quando os frutos estiverem na fase de chumbo e chumbões, período em que as sementes já estão formadas e, portanto, fase em que a broca perfura o fruto, podendo ovipositar no fruto.

Bicho-mineiro – Perileucoptera coffeella (Lepidoptera: Lyonetiidae)

A mariposa do bicho-mineiro é bem pequena, apresentando 6,5 mm de envergadura, asas brancas na parte dorsal. Sua postura ocorre durante a noite, com média de 7 ovos, colocando um ovo por folha, e durante o dia permanece na parte inferior das folhas.

Mariposa do Bicho-mineiro

Nas infestações, a lagarta penetra na folha e aloja-se entre as duas epidermes, começando a alimentar-se e a construir minas, daí o nome bicho-mineiro. A ocorrência do bicho-mineiro está condicionada a diversos fatores. Entre esses fatores destacam-se as condições climáticas, sendo que a precipitação pluvial e a umidade relativa do ar influenciam negativamente na população da praga, ao contrário da temperatura, que exerce influência positiva; também a presença ou ausência de inimigos naturais como parasitoides, predadores e patógenos e diferenças de espaçamentos favorecem às infestações dessa praga.

A larva do bicho-mineiro eclode de 5 a 21 dias após a postura, e penetram nas folhas ficando entre as duas epidermes, causando a destruição do parênquima, consequentemente causam diminuição da área fotossintética e provocam queda das folhas. O período larval desta praga dura de 9 a 40 dias, formando um casulo em forma de X, no baixeiro do cafeeiro. Já o período de pupa dura de 5 a 26 dias e os adultos sobrevivem em média cerca de 15 dias.

Larva do Bicho-mineiro

A amostragem de bicho-mineiro em cafeeiros de até 3 anos de idade deve ser realizada quinzenalmente no início quando os primeiros danos aparecem nas folhas e neste caso, o controle do bicho-mineiro deve ser iniciado quando for encontrado 30% ou mais de folhas minadas nos terços médio e superior das plantas de café.

Ácaro vermelho – Oligonychus ilicis (Acari: Tetranychidae)

Em condições de seca, com estiagem prolongada, o ácaro vermelho encontra condições ideais ao seu desenvolvimento.

O ataque do ácaro vermelho ocorre em reboleiras e, em casos graves, pode se espalhar para toda a plantação de café. O ataque dos ácaros é mais sério nas áreas mais ensolaradas, com manchas de solo mais secas e próximas as estradas, já nas áreas mais sombreadas ou arborizadas o ataque é bem menor.

As fêmeas dos ácaros medem cerca 0,5 mm de comprimento com pernas e terço do corpo alaranjada. Os ovos são de coloração vermelho intenso, brilhante e esférico. O ciclo do ácaro-vermelho-do-cafeeiro é de 11 a 17 dias. Ele vive na parte superior das folhas do cafeeiro, que ficam recobertas por pequenas quantidades de teia.

Frequentemente observa-se aumento da infestação de ácaro vermelho associado a aplicação de piretróides sintéticos para combater o bicho-mineiro, bem como ao uso de fungicidas cúpricos para combater a ferrugem-do-cafeeiro. Esses agrotóxicos desequilibram e promovem o aumento da população do ácaro vermelho.

Cigarrinhas (Hemiptera: Cicadellidae)

São insetos sugadores que se alimentam em vasos do xilema de uma vasta gama de plantas hospedeiras e pertencem às famílias Cicadellidae, Cercopidae e Cicadidae.

Elas possuem tamanho e coloração variado, sendo que as fêmeas colocam ovos recobertos por uma camada de cera branca. Inúmeras são as espécies que possuem condições de se alimentar nas plantas de café, porém pouco trabalho de levantamento populacional de cigarrinhas foi realizado até o momento. No entanto, recentemente foi apresentado uma lista de 141 espécimes de cigarrinhas coletadas em plantações de café.

Uma das espécies de cigarrinhas que atacam o cafeeiro – Oncometopia facialis
Fonte: https://colombia.inaturalist.org/

As cigarrinhas são insetos importantes porque além de sugarem a seiva das plantas, elas também podem transmitir a bactéria Xylella fastidiosa para plantas de café, citros, e ameixa sendo “Atrofia dos Ramos do Cafeeiro” (ARC), “Clorose Variegada dos Citros” (CVC), e “Escaldadura das Folhas da Ameixeira” (EFA) respectivamente, o nome das doenças.

A amostragem das cigarrinhas pode ser realizada através da utilização da rede de varredura, succionador motorizado, amardilha de Malaise e armadilha adesiva amarela. Entretanto, a armadilha adesiva amarela, além de ser mais prática, por ficar no campo até 15 dias, também nos mostra dados de flutuação populacional das cigarrinhas na área.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é essencialmente um sistema de apoio de tomada de decisões no controle de pragas, considerando os impactos ecológicos, econômicos e sociais.

O sucesso do MIP depende da conscientização dos produtores agrícolas, dos consumidores, dos pesquisadores e até mesmo da indústria de agrotóxicos, sobre a necessidade de reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos e procurar alternativas compatíveis com as características ecológicas e econômicas locais.

O MIP não é apenas a adoção de várias técnicas para controlar pragas, mas a utilização de uma forma harmoniosa dos métodos de controle específicos para cada cultura e/ou inseto a fim de manter a densidade populacional de uma determinada praga abaixo do nível de dano econômico.

Fonte: Embrapa Meio Ambiente – baseado no artigo de Simone de Souza Prado, (pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna, SP) e Joáz Dorneles Junior (Eng. Agrônomo, estudante de mestrado em Proteção de Plantas da Unesp, Botucatu, SP).

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