Necessidades da cultura comercial. Cada espécie de planta de cobertura pode ter efeitos diferentes sobre as culturas implantadas na sequência. O engenheiro-agrônomo Lauro Krunwald, extensionista da Epagri de Atalanta, aconselha que se leve em consideração o fator mais limitante na produção da cultura comercial. “Se eu trabalho com uma cultura altamente exigente em nitrogênio, como o milho, é interessante que entre as culturas que estão nessa área haja alguma leguminosa, pois elas são fixadoras de naturais de nitrogênio”, explica. Alguns exemplos de leguminosas são o tremoço, as ervilhacas, a ervilha forrageira, as mucunas, o feijão de porco e o guandu anão.
No caso da fruticultura, por exemplo, a situação é diferente. “Se houver muita fixação de nitrogênio no solo, isso poderá aumentar a incidência de doenças na videira e diminuir o grau brix da uva”, cita o extensionista. Ainda nos pomares, é preciso analisar se a florada da planta de cobertura pode competir com a florada da cultura principal, já que as fruteiras dividem a área com as espécies de cobertura. Nos pomares catarinenses, a aveia preta, o nabo forrageiro e consórcios de aveia preta com ervilhaca ou com nabo são as plantas de cobertura mais comuns.
Produção de fitomassa. Em um solo com baixo teor de matéria orgânica, a dica de Lauro é incluir plantas de cobertura que fixam maior quantidade de carbono em menor tempo e que tenham raízes agressivas e profundas e bastante massa seca, como milheto, capim sudão, braquiária, nabo forrageiro ou tremoço. “Ao longo de anos teremos um solo com características físicas talvez muito parecidas com as originais após a retirada da mata nativa”, diz o extensionista.
Época de semeadura. Existem plantas de cobertura mais indicadas para cultivo no verão e outras para o inverno. “No entanto, usamos essa denominação apenas para identificar as espécies, uma vez que a época de plantio ocorre a partir do momento em que o solo não se encontra cultivado com uma cultura comercial. Em função do tamanho dessa janela e da próxima cultura é que o agricultor vai escolher a planta de cobertura”, explica Leandro.
Espécies de verão. As plantas de cobertura de verão podem ser semeadas de meados de setembro até dezembro (onde não há risco de geada, o período pode se estender até o fim do verão). Elas são cultivadas, preferencialmente, entre a colheita da cultura de verão (primeira safra) e a semeadura da cultura de inverno. “É o período chamado de janela outonal, no qual o solo tem ficado descoberto, sendo tomado por inços, perpetuando pragas e doenças e sofrendo sérios problemas de erosão por causa das chuvas intensas do período”, ressalta Leandro.
As espécies de verão mais comuns são as mucunas, as crotalárias, feijão-de-porco, guandu anão, caupi ou feijão miúdo, teosinto, milheto, capim sudão, sorgo e trigo mourisco.
Capacidade de manejo. De nada adianta a planta de cobertura ter as características desejadas se o produtor não tem condições de manejá-la adequadamente. No caso de plantas que produzem bastante massa seca, é preciso ter equipamentos adequados para acamá-las e implantar os cultivos em sucessão. “É importante saber se o produtor tem as ferramentas para colher, armazenar e semear adequadamente cada tipo de planta de cobertura”, acrescenta Lauro. Outro fator importante é a capacidade de produzir sementes em quantidade suficiente para aumentar a área de cultivo.
Coloque na balança. O pesquisador Leandro pondera que, apesar de tantas características a serem observadas, dificilmente uma única espécie vai atender a todos os critérios. Por isso, vale colocar os prós e contras na balança. “Em função da espécie de adubo verde disponível na propriedade ou no mercado próximo, do sistema de produção e da condição do agricultor, deve-se considerar somente alguns desses critérios”, explica.
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