Nutrição dos bovinos e sanidade merecem o mesmo cuidado quando falamos em confinamento. Siga alguns passos e certifique-se do bem-estar do seu animal.
Manejo de chegada.
Longas viagens contribuem para a diminuição da imunidade e predispõe os animais a doenças. É possível também ocorrer lesões de casco decorrentes do transporte, provocando pododermatites.
O estresse da viagem pode ocasionar multiplicação de Mannheimia (antiga Pasteurella) haemolytica, bactéria presente na “flora” oronasal de animais sadios e, com imunossupressão há intensa multiplicação, invasão e colonização pulmonar principalmente nos lóbulos craniais, levando a pneumonia nas primeiras semanas pós entrada.
Controle sanitário.
Todos os animais devem ser vacinados contra clostridioses e vermifugados adequadamente. O confinamento deve ter uma farmácia veterinária básica para outras ocorrências infecciosas e para atender corretamente animais feridos.
Separar animais em lotes padronizados e de mesma origem.
Animais que já se conhecem já tem a liderança definida ou em equilíbrio. Quando essa premissa é desrespeitada os animais levam cerca de 20 dias para reestabelecerem a liderança através do comportamento de competição (a competição é natural e não há como evitá-la, ela precisa ocorrer).
ATENÇÃO! Lotes muito grandes e confinados acabam estabelecendo períodos de competição mais prolongados. Até que a liderança seja estabelecida, a maioria dos animais perde peso ou apresenta um ganho de peso deficiente neste período.
Lotação.
O ideal é trabalhar com lotes de 12-15m²/boi, em confinamento descoberto e no coberto as lotações podem ser até 7m² – quanto menor a lotação, mais calmos os animais ficam.
ATENÇÃO! Os piquetes não podem ter formato retangular, com cocho na parte menor, pois o dominante só vai deixar os demais se aproximarem do cocho quando ele chegar primeiro. A frente deve ser sempre maior, pois é onde se localiza o cocho.
Controle nutricional.
Trabalhar com leitura de cocho para manter uma pequena sobra (score 2 – com sobra de 5 a 10%, ou camada fina inferior a 5 cm); a disponibilidade de cocho deve ser maior que 40 cm lineares/cabeça (comprimento do cocho) e respeitar um período mínimo de adaptação para dieta (8 dias, mas o ideal seria acima de 21 dias).
ATENÇÃO! Observe a qualidade e conservação dos insumos (milho, resíduos agrícolas, etc.) para afastar a ocorrência de intoxicações e toxinfecções que causam poliencefalomalácea, botulismo e diarréias.
Sombreamento.
O sombreamento para o animal deve ser no fundo do curral e não sobre o cocho.
Existem dois tipos de sombreamento:
- o de cocho, suficiente para manter a qualidade do alimento e para proteger o cocho contra a chuva.
- o para bem-estar animal que deve ser feito ao fundo do curral (telas de sombreamento). Grandes áreas de sombreamento sobre o cocho atraem os animais para descanso, aumentando o volume de matéria orgânica (urina e fezes), predispondo a pododermatites, além de estimular competições e sodomia.
Poeira.
A poeira predispõe a enfermidades respiratórias. Este evento pode ser evitado através da utilização de aspersores (existem vários modelos, sendo necessário a consulta de um técnico experiente).
ATENÇÃO! Não adianta ter aspersores apenas dentro dos piquetes, sendo que fora os caminhões transitem com altas velocidades levantando poeira, principalmente durante o fornecimento do trato.
Lama.
O excesso de água oriundas dos aspersores desregulados e bebedouros quebrados formam lama no curral deve ser prevenido durante o dimensionamento do confinamento, utilizando graus de declividade de 5% a 8%, com boa compactação do chão, áreas de escoamento (laterais e fundo), bebedouros de boa qualidade (manutenção e dimensões adequadas), área de cocho calçada para evitar uma maior compactação (comum neste local).
A lama aumenta o risco de pododermatites, acidentes e reduz significativamente o ganho de peso em alguns casos.
ATENÇÃO! O calçamento não deve ser feito com pedras ou pedregulhos, pois podem predispor a quadros de pododermatites nos animais confinados.
Controle da Sodomia (Raça e Sexo).
Animais de origem taurina apresentam maior libido o que consequentemente aumenta a sodomia. Afastar o lote de fêmeas do lote de machos e a castração dos machos precisa ser bem avaliada economicamente (sua viabilidade depende do contexto econômico e atualmente está em desuso na terminação).
ATENÇÃO! Existem alguns produtos anti-sodomia/anti-estresse. O cromo e o lithium possuem excelente ação ansiolítica natural. Lembrando que para utilização de qualquer medicamento, deve-se sempre consultar um médico veterinário.
Animais doentes e animais sodomizados (que aceitam a “monta”).
Animais doentes são mais facilmente dominados por outros e sodomizados, por isso devem ser afastados do lote e levados para o curral de enfermaria.
LEMBRE-SE! Os animais sodomizados devem ser retirados do lote. Os animais que realizam a “monta”, caso estejam em menor número, devem ser apartados. É mais fácil manejar um animal que monta em outros 10 animais do que retirar os 10 que por ele são montados.
A Farmácia veterinária para confinamento deve conter:
- 3 antibióticos de amplo espectro: norfloxacina, penicilinas, oxitetraciclinas para tratar as enfermidades infecciosas descritas acima;
- 2 antiinflamatórios: sendo um não esteroidal (Meloxicam, Diclofenaco ou Dipirona) e um esteroidal (Dexametasona)
- Vermífugos de baixo residual (14 dias de carência para o abate): ricobendazole (nome genérico)
- Endectocidas: Ivermectina 1% ou doramectina 1% (para prevenir e tratar bicheiras de animais feridos e bichados)
- Mata Bicheiras spray: para tratamentos tópicos de bicheiras
- Antissépticos, bactericida e antifungicos de uso tópico: amônia quartenária e iodo (para limpar feridas e curetar cascos)
- Reguladores digestivos: cálcio reforçado, membutona, acetil butíleno ou citrato
- Soros energéticos e hidratantes: soro (Ativos importantes: dextrose, metionina, vitamina do complexo B e minerais).
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