Promotores de exposições apostam em novos formatos de eventos e em medidas que tragam segurança aos participantes contra a Covid-19
Em geral, o agronegócio superou bem as dificuldades impostas pela pandemia. Os números ostentados ao fim do último ano foram muito satisfatórios, especialmente na exportação de alguns produtos, como carne bovina e açúcar. No entanto, diferentemente do que ocorreu com os leilões, que tiveram um 2020 positivo, as exposições pecuárias foram fortemente atingidas pelas restrições sanitárias. A maior parte dos eventos foi cancelada, criando um cenário de incerteza para criadores e selecionadores de diversas raças bovinas.
A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ANCB) foi uma das mais prejudicadas pela impossibilidade de realização das exposições. Por ano, a entidade costumava realizar até 80 eventos. Em 2020, apenas dez foram realizados, devido às restrições impostas pela Covid-19.
Segundo o Presidente da ACNB, Nabih Amin El Aouar, o ano de 2020 foi difícil para os pecuaristas que participam de exposições, pois se faz um investimento muito alto para se manter um animal na baia. O criador só assume esse gasto se tem a certeza de que seu animal irá participar dos eventos. Ninguém sabia a duração da pandemia e como ela afetaria o setor no campo das exposições. No entanto, o pecuarista foi perseverante e tratou os animais o ano todo. Só quem está no campo entende essa dificuldade.
No ano passado, a entidade conseguiu autorização junto às autoridades sanitárias para promover a Expoinel, principal feira da raça nelore no Brasil e uma das maiores da pecuária nacional. O evento, no entanto, precisou passar por ajustes.
Tradicionalmente realizada em Uberaba (MG), a Expoinel precisou ser transferida para Vila Velha, no Espírito Santo no mês de setembro.
A Expoinel marcou a retomada das exposições agropecuárias no Brasil, uma vez que desde março não se promovia eventos. A preocupação era dar andamento ao campeonato de criadores, mas também com o cuidado com a saúde dos envolvidos. Isso foi conseguido com a realização da exposição em um local afastado dos grandes centros, com a entrada de apenas trabalhadores e seguindo todas as normas de higiene.
Para a ACNB, dentro desse formato esses eventos podem ser promovidos sem trazer grandes riscos de contaminação aos seus participantes. As exposições programadas pela entidade para 2021 estão confirmadas. A primeira delas será a Expoinel Minas, a ser realizada de 1º a 6 de fevereiro.
Modelo de sucesso
A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) também foi obrigada a pensar em novas formas de promover os seus eventos. Vinte dias após a entidade confirmar a realização da Expozebu 2020 entre 25 de abril e 3 de maio, o evento teve que ser cancelado.
Com a impossibilidade de promover seu principal evento, a entidade teve que correr contra o tempo para buscar uma solução que atendesse às suas necessidades. Foi então que surgiu a iniciativa de promover a Expogenética 360o, o primeiro evento 100% virtual promovido pela entidade.
Em meio à crise provocada pela pandemia, a entidade teve que se reinventar, e o resultado foi muito positivo. A receita por animal cresceu 66% nesse evento, por isso, o formato virtual para exposições veio para ficar.
O sucesso do evento desenvolvido dentro de uma plataforma digital pode ser traduzido em números: a participação de 90 países, alcançando mais de 1.600 cidades em todo o mundo.
O legado que a feira trouxe para a ABCZ será implementado para a edição de 2021 da Expozebu. A intenção neste ano é de que a feira seja promovida em um formato semi-presencial.
A partir da liberação das autoridades sanitárias, a ideia é fazer um evento com a participação dos expositores e pecuaristas. Já existe um protocolo para dar segurança aos participantes o que permitirá dar continuidade em algumas ações virtuais que aconteceram na última Expogenética. Esse é um modelo de interação que vai transformar ainda mais o segmento da pecuária.
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