Ícone do site AGRONEGÓCIO

Ferrageamento

Cavalo galopando com as ferraduras a mostra
É importante confiar seu cavalo aos serviços de um profissional habilidoso e competente
 
As ferraduras de ferro têm sido utilizadas desde o século II a.C. e, desde então, sofreram poucas modificações em sua forma e tecnologia de produção. Esse é o tipo de ferradura que vem sendo usada há milhares de anos, e, nos dias atuais ainda lidera o ferrageamento dos cavalos no mundo inteiro. Sua principal função é poupar a sola dos cascos dos impactos com solos desprovidos de vegetação e, por isso, mais traumáticos.

Cascos são a “base” de um cavalo. Além de suportarem o peso do animal, em seu contato direto com o solo, sofrem as consequências desses impactos. Apesar de serem tão importantes, muitas vezes são negligenciados nos cuidados de higiene e manutenção que devem receber. Os bons tratos que os cavalos merecem, devem começar pelos cascos.
Então, quando a necessidade desse procedimento se faz presente, é importante confiar seu cavalo aos serviços de um profissional habilidoso e competente. O ato de ferrar, conduzido de maneira inadequada poderá causar sérios danos.
 
Os mais comuns aparecem na fragilidade da muralha do casco devido às sucessivas aparações com a grosa e nas graves rachaduras ocasionadas pelos cravos. Outro grande dano acontece quando o cravo mal posicionado atinge o tecido vivo do casco. Este acidente pode favorecer infecções locais, bem como predispor o animal ao tétano e à laminite (aguamento). Fique atento. Se logo após o ferrageamento, seu cavalo demonstrar algum sinal de desconforto ao caminhar, o problema pode estar nos cravos ou ferraduras.

Que tal algumas dicas para você ficar tranquilo quanto ao ferrageamento de seu animal?

Quando fazer? Na grande maioria dos casos, a necessidade do ferrageamento surge durante a doma. Dependendo da função que o cavalo vai desempenhar, todo esse trabalho será desenvolvido em pistas especiais, nos mais variados terrenos. É preciso proteger seus cascos do stress das inúmeras contusões com o solo. Para os cavalos de corrida, o ferrageamento é indicado no começo da doma, pois os potros já são iniciados no trote e logo estão galopando nas raias. Os potros de sela e trabalho, com bons e fortes cascos, serão ferrados quando, após a doma racional básica, em terreno “leve”, chegar o momento de serem montados. 

Indicação terapêutica. Em ocasiões especiais, ferraduras também serão usadas em animais jovens para corrigir defeitos de aprumos ou quando elas se fizerem necessárias, como parte do tratamento de algumas afecções dos cascos. Claro que esses procedimentos serão orientados pelo profissional responsável pelo caso.

Intervalos. Dependem basicamente da qualidade e do tipo da ferradura, da atividade que o cavalo exerce e do terreno onde ele trabalha. Nos cavalos de corrida é muito alta a frequência das substituições das ferraduras, de acordo com as provas das quais participam. Já nos cavalos de passeio, montados quase que exclusivamente nos finais de semana, esses intervalos são maiores e o momento da troca é definido pelo desgaste das ferraduras ou sua perda. Logicamente, não convém passar de 40 ou 45 dias para providenciar um novo ferrageamento, pois, mesmo com as ferraduras ainda em condições de uso, os cascos encontram-se crescidos, sendo necessário retirar esses excessos. Pela presença das ferraduras, os cascos não são gastos naturalmente, e por isso, um casqueamento mais regular mantém a integridade dos aprumos de seu cavalo. 
Casqueamento perfeito para correção de aprumos e posterior ferragemanto
 
As ferraduras convencionais de ferro. Podem ser encontradas prontas nas casas de produtos agropecuários. A maioria dos fabricantes as classificam na ordem crescente de seus tamanhos por números de 0 a 5. E, obviamente, por se tratar de produção em escala, não terão o formato e o tamanho perfeitos para os cascos do seu cavalo.

Ajuste. A orientação quanto ao número aproximado para as ferraduras de seu cavalo poderá ser fornecida pelo ferrador. É importante que elas sejam bem ajustadas antes de serem pregadas. Há dois trabalhos de ajuste das ferraduras. Conhecendo as características de cada um, você poderá escolher qual deles é mais apropriado para seu cavalo. O trabalho a frio consiste em remodelar uma ferradura já pronta, servindo-se do martelo e da bigorna. Esse procedimento é o mais usado pelos ferradores, pela rapidez e praticidade, e pode ser realizado em qualquer local.

Resistência. As ferraduras de ferro vêm sendo usadas há muito tempo e são comprovadamente as de maior resistência e durabilidade. Claro que é preciso considerar o terreno onde o animal trabalha. Mesmo assim, comparadas com as de outros materiais, as de ferro são as que possuem vida útil maior quando estão bem pregadas. 
Tipos de ferraduras por tipo de material – aço, alumínio e plástico

Durabilidade. É uma qualidade importante, mas como as ferraduras de ferro são pesadas, em alguns casos poderá ser necessário usar ferraduras de outros materiais menos duráveis e resistentes, mas que se aplicam melhor a cascos delicados e de muralhas frágeis.

Ferraduras de alumínio. São muito parecidas com as de ferro, embora sejam feitas mecanicamente, isto é, são industrializadas e não feitas manualmente. A principal vantagem da utilização desse material está no peso; elas são, em média, 50% mais leves que as de ferro. As ligas de alumínio e a tecnologia trouxeram avanços consideráveis para as ferraduras, tornando-as mais leves, aumentando sua vida útil e diminuindo custos. A durabilidade das ferraduras de alumínio ainda é questionável.

Ferraduras de plástico. Têm funções terapêuticas e corretivas Devido à sua flexibilidade e maleabilidade, podem ser moldadas especificamente para cada casco e são mais usadas em potros e animais jovens. Elas não devem ser aplicadas em cavalos que desempenham funções atléticas, porque não demonstram funcionalidade para esses casos. Sua grande qualidade está no fato dela ser facilmente adaptada ao casco. Atualmente, já são encontradas desde ferraduras para recém-nascidos até aquelas de formato totalmente específico para uma determinada afecção de casco, como a Heart-Bar-Shoe ou ferradura em forma de coração, que é usada para casos de laminite (aguamento).

Ferraduras mistas. São modelos mais modernos usam poliuretano recobrindo o alumínio ou o aço e são uma mistura de plástico e metal. Apresentam como vantagens um menor peso, maior capacidade de absorção de impactos e uma grande facilidade na colocação.

Fixação da ferradura de plástico. Elimina o perigo e a agressão impostos pelos cravos. Essas ferraduras possuem em toda a sua volta, linguetas que são coladas à muralha do casco. As colas recomendadas são as do tipo etano-acrilato (tipo Super Bonder) e a sua utilização garante uma colagem rápida (10 minutos), durável e de fácil descolagem quando sua remoção for indicada. Para a fixação da ferradura, é necessário que a muralha do casco tenha seu verniz raspado e que seja desengordurada com álcool ou acetona antes da aplicação da cola, O efeito da cola sobre a parede do casco, embora se trate de um elemento químico, não tem demonstrado contra-indicação. 
Ferradura de esbarro

Formato. As que apresentam maiores variações são, sem dúvida, as de ferro. Além de amplamente difundidas, podem ser facilmente moldadas mesmo a frio. Alguns modelos especiais já são comercializados e muito conhecidos pelo seu uso. Assim, para os cavalos de rédeas, as ferraduras de “esbarro” são imprescindíveis. Elas são prolongadas nas regiões dos talões (tipo esqui), favorecendo a realização dessa manobra.

Ferraduras “fechadas”. Cavalos acometidos por problemas nos cascos, muitas vezes fazem uso delas. Possuem uma trava que une os dois talões, impedindo os movimentos naturais de expansão do casco. Assim, suas estruturas internas ficam imobilizadas e podem, com tratamento e repouso, ser restauradas.

Ferrageamento de cavalos para enduro e salto. Serve também para aqueles de sela e lazer. São ferraduras de ferro com “rampões”. Eles são como “saltos”, elevando as regiões dos talões. As ferraduras podem ser feitas já com esses saltos ou ter os rampões rosqueados no momento do uso. Normalmente vêm com guarda casco. 
Ferradura com rampão

“Guarda-cascos” em ferraduras de ferro. Eles nada mais são do que linguetas posicionadas na região da pinça, logo na frente da ferradura de ferro. O guarda-cascos impede que ela perca sua posição original, que “deslize” no casco. Muito importantes para cavalos de hipismo rural, cross e enduro, que precisam vencer descidas muito íngremes. Em casos especiais, principalmente de fragilidade de muralha, o ferreiro pode forjar uma ferradura com várias linguetas, assim, menos cravos serão necessários para a sua fixação, reduzindo a agressão desse procedimento. Podem ter guarda-cascos laterais também.

Ferraduras de ferro e alumínio com guarda cascos frontais e 
ferradura de ferro com guarda cascos laterais

“Guarda-cascos” em ferraduras de alumínio. Assim como nas de ferro, os guarda-cascos estão presentes e obedecem aos mesmos critérios de utilização. Como essas ferraduras são produzidas industrialmente, em cada jogo (quatro ferraduras), essas linguetas são encontradas somente no par dos posteriores. Dessa forma, para que elas sejam usadas também nos anteriores é preciso ter em mãos dois jogos e, com muito capricho, mudar o formato das ferraduras posteriores para uma adequada adaptação aos cascos anteriores.

“Agarradeiras”. São ferraduras mais altas e estreitas na região da pinça, e por isso permitem uma melhor aderência ao solo durante a corrida. Podem ser feitas em ferro ou alumínio. ATENÇÃO! Elas têm seu uso proibido em hipódromos oficiais.

Fonte: Arquivo Revista Horse Business

Leia também:
 
 

Sair da versão mobile