“O morador do planalto quando viaja para outras terras, ao retornar e divisar as primeiras silhuetas da araucária no horizonte, percebe que chegou em sua casa. Esta é sua pátria sentimental, onde tem suas raízes. O viajante ao penetrar no território do planalto sul brasileiro percebe logo que se encontra neste território específico, tão característica é esta árvore, um verdadeiro epônimo (refere-se a uma personalidade histórica ou mítica que dá seu nome a alguma coisa, um lugar, época, tribo, dinastia, etc.) do sul. O pinhão imprime na convivência dos moradores, hábitos e momentos inesquecíveis. O homem rural, quer da colônia, quer dos campos e os moradores das cidades da região, sempre terão na sua lembrança o pinhão assado ou cozido no aconchego do lar em dias sombrios de inverno, ou a sapecada de grimpas (ramos secos), quase uma festa de São João para os habitantes destas paragens. Dizia o eminente biólogo e sacerdote Pe. Balduíno Rambo que sempre ao contemplar a paisagem desenhada de araucárias sentia-se em sua pátria, fascinado por essa esplêndida taça de verdura cortando o céu azul”
(Basso, p. 8)
É… O Pinheiro do Paraná tem história para contar! Riqueza do ambiente, do cotidiano regional, da cultura e da alma rural. Vamos conhecer um pouco mais sobre este exemplar tão importante da nossa flora.
Ocorrência – Minas Gerais, Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul. Outros nomes – pinheiro, araucária, pinho, pinho brasileiro, pinheiro brasileiro, pinheiro são josé, pinheiro macaco, pinheiro caiová, pinheiro das missões, curi, curiúva, paraná pine. Características – árvore alta com 25 a 50 m de altura, dióica, com o tronco cilíndrico, de casca grossa, cuja superfície se desprende em placas cinzento-escuras, diâmetro variando de 90 a 180 cm. As árvores jovens têm a copa cônica, e as adultas têm um formato característico de taça. As folhas são simples, lanceoladas, glabras, coriáceas, verde-escuras, com o ápice espinescente, e medem de 3 a 6 cm de comprimento e de 4 a 10 mm de largura. Os indivíduos masculinos têm as flores distribuídas em cones terminais retos. Nos indivíduos femininos as flores estão dispostas em cones (pinha) no ápice dos ramos, protegidos por numerosas folhas muito próximas umas das outras, cada cone com 10 a 150 sementes (pinhões). Um Kg de sementes contém aproximadamente 150 unidades.
Habitat – floresta de araucária.
Propagação – sementes. O pinheiro do paraná tem um importante dispersos natural, a gralha azul (Cyanocorax caeruleus). A ave é comumente vista em ambientes florestais, junto a araucárias. No inverno, ela retira o pinhão das árvores para se alimentar.
Nesse processo, contribui para a fixação da espécie arbórea em diversas áreas. Ela debulha o fruto, o transporta e enterra para estocar, o que faz com que a aruacária possa germinar em novo local. Madeira – leve, macia, pouco durável quando exposta ao tempo.
Utilidade – já foi muito utilizada para exploração da madeira, o pinho, mas em função da exploração irracional, foi quase extinta, estando hoje sua exploração controlada pelo IBAMA. Os pinheiros novos são usados na composição de jardins e parques de grandes dimensões, devido ao porte da planta. Os pinhões fornecem alimento nutritivo, e sua madeira tem grande potencial para produção de móveis, caixas, instrumentos musicais e para fabricação de papel. A resina extraída pode ser utilizada na fabricação de produtos químicos. Os frutos são muito consumidos pela fauna e o pinhão (sementes) é uma iguaria tradicional na região sul do país.
Florescimento – setembro a outubro. Frutificação – abril a maio. Ameaças – destruição do habitat e corte indiscriminado.
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