Muitas cidades estão agindo para apoiar e conservar as florestas
Nos grandes centros urbanos, fornecer acesso à água limpa, segura e para todos indiscriminadamente tornou-se um grande problema. Nas áreas rurais, a dependência das chuvas e de rios saudáveis para produzir safras de qualidade e quantidade adequadas também é um obstáculo real.
O que podemos observar é que o mundo se aproxima de uma séria e histórica crise global de água.
As mudanças e intempéries climáticas pressionam os sistemas e sobrecarregam a infraestrutura hídrica urbana. Há quem diga que, em 2025, cerca de 1,8 bilhão de pessoas enfrentarão a escassez de água!
Um ativo natural pode ajudar a mitigar este problema: as florestas.
Cabe aos governantes de todas as esferas se responsabilizarem e fortalecerem o papel das florestas na garantia de água limpa para todos os cidadãos, urbanos e rurais!
E as florestas podem se localizar tanto dentro dos limites da cidade ou a milhares de quilômetros de distância, que, em qualquer um dos casos, elas alteram o movimento, a qualidade e a disponibilidade da água.
A conexão entre cidades, água e florestas funciona em três níveis:
• florestas internas;
• florestas próximas e
• florestas distantes.
Florestas urbanas
Os problemas com a água urbana não se limitam à escassez de água. As enchentes causaram mais de US $ 1 trilhão em perdas globalmente desde 1980, e as cidades, muitas vezes situadas perto da costa e ao longo dos rios, estão entre as mais vulneráveis.
As florestas urbanas – que incluem todas as árvores em uma área urbana, desde árvores de rua a manchas de floresta natural e plantada, bem como a vegetação e o solo abaixo delas – podem facilitar a gestão de águas pluviais urbanas e reduzir os perigos representados por enchentes, além de atuarem em diversos outros aspectos da sociedade. Leia BlogOpinião RuraltecTV – Áreas urbanas verdes: valor subestimado.
As árvores interceptam a chuva conforme a água se agarra às folhas e galhos, retardando sua chegada ao solo. Isso reduz o volume geral do escoamento superficial, diminui a erosão do solo e aumenta a recarga das águas subterrâneas. Isso também reduz os riscos de transbordamentos de esgoto, que ameaçam a saúde das comunidades menos favorecidas e dos ecossistemas aquáticos.
Ou seja, as florestas urbanas atenuam os efeitos das tempestades e inundações na infraestrutura tradicional, como drenos e diques. Um planejamento neste sentido é o que chamamos de “cidades esponjosas”, que incorporam árvores e outras infraestruturas verdes para gerenciar os riscos causados pelas águas pluviais, evitar inundações e melhorar as taxas de infiltração no solo.
Florestas próximas às cidades
As bacias hidrográficas adjacentes às cidades afetam a qualidade e a disponibilidade da água ao regular a precipitação, evaporação e fluxos.
Das 105 maiores cidades do mundo, 33 dependem fortemente de áreas florestais protegidas próximas como fator principal na disponibilidade e qualidade da água potável. Cinco grandes cidades dos Estados Unidos – Nova York; Boston; São Francisco; Seattle e Portland – dependem de florestas protegidas próximas em vez da infraestrutura tradicional para filtrar sua água.
As florestas e seus solos também agem como esponjas que absorvem água quando é abundante e a liberam quando é escassa. Eles fazem isso em parte aumentando a infiltração de água no solo, ajudando a recarregar os suprimentos vitais de água subterrânea.
Ao proteger a qualidade da água e evitar que sedimentos entrem nos cursos d’água, a restauração das florestas ao redor do Rio de Janeiro poderia ajudar a cidade a evitar US $ 79 milhões em custos com tratamento de água e reduzir o uso de produtos químicos em até 4 milhões de toneladas.
Mas o conhecimento das espécies é fundamental!
Nem todas as florestas oferecem os mesmos benefícios. A conversão de pastagens naturais em florestas e o uso de árvores não nativas nas plantações podem reduzir a produção de água de superfície por décadas.
Conservar as florestas existentes e considerar as restrições climáticas locais pode ajudar a evitar consequências negativas não intencionais.
Florestas distantes das cidades
A centenas de quilômetros de distância, as florestas influenciam os padrões de precipitação nas cidades e nas principais regiões agrícolas. É reconhecido o papel das florestas tropicais na criação de “rios voadores”, que são volumes de vapor de água que percorrem grandes distâncias e depois caem sob a forma de chuva!
As árvores agem como palhas gigantes, puxando água do solo e transpirando para o ar para produzir o vapor de água, que é levado pelas correntes de vento e se precipitam muitas vezes em regiões muito distantes de onde forma “produzidos”.
As grandes florestas tropicais do mundo na Bacia Amazônica, na Bacia do Congo e no Sudeste Asiático desempenham um papel especialmente importante na regulação da chuva. No entanto, a capacidade dessas florestas de contribuir com chuvas está em risco.
O mundo perdeu 11,9 milhões de hectares (29,4 milhões de acres) de floresta em 2019 – incluindo 3,8 milhões de hectares (9,4 milhões de acres) de floresta tropical madura. Mudanças nas chuvas causadas pelo desmatamento em cascata podem aumentar a seca em regiões urbanas e importantes terras agrícolas, nos trópicos e muito mais além.
Na América Latina, a degradação da Amazônia pode levar cidades no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina a passar por estações de seca mais longas, ocasionando redução da produtividade agrícola e racionamento de água.
Protegendo Florestas e melhorando a água
Com a maioria da população do planeta habitando cidades, as decisões tomadas dentro dos limites urbanos afetam essas florestas tropicais. A produção de commodities como carne bovina, soja e óleo de palma foi responsável por quase 30% da perda de cobertura vegetal global nas últimas décadas. As áreas urbanas consomem cerca de 40 bilhões de toneladas de materiais anualmente – um número que deve mais do que dobrar até 2050.
Muitas cidades, reconhecendo a conexão entre as florestas e a água, estão agindo para apoiar e conservar as florestas, trabalhando para planejar e desenvolver infraestrutura verde urbana, investir na proteção de florestas de bacias hidrográficas e adquirir commodities mais favoráveis à floresta.
Como eleitores, consumidores e contribuintes, os residentes da cidade têm um papel crucial a desempenhar. As florestas protegem a água para as cidades, e é essencial que as cidades se preparem para proteger as florestas em troca.
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