Habitat – existem espécies para todo tipo de ecossistema.
Ocorrência – cosmopolita
Hábitos – estão ativas logo cedo. Algumas espécies possuem hábito gregário, ou seja, ficam agrupadas durante o dia e no final da tarde se separam em busca de alimento, voltando a se agrupar novamente. O agrupamento serve para se protegerem de predadores.
Alimentação – néctar
Reprodução – as plantas hospedeiras são aquelas que fornecem alimento e abrigo às formas jovens (lagartas). As borboletas selecionam a(s) planta(s) hospedeira(s) para a postura dos ovos e cujas lagartas, ao eclodirem, se alimentarão da mesma. A fêmea pode depositar seus ovos isoladamente ou em massa.
Predadores naturais – pássaros, sapos, formigas e outros predadores. Uma revoada de borboletas torna-se um banquete para algumas espécies de aves.
Ameaças – são várias as espécies de borboletas ameaçadas de extinção no Brasil.
Heliconius sara apseudes
Uma das mais comuns e abundantes borboletas da Mata Atlântica, encontrada em diversos tipos de habitat, tais como capoeiras, vegetações de restinga e praias. Ocorre do sul até a Paraíba, ao longo da costa brasileira. Voa durante todo o dia nos locais sombrios e ensolarados á procura do néctar de diversas flores de que se alimenta. Seu vôo é lento e baixo, mas, quando perseguida, torna-se rápido e irregular. As lagartas (50 mm) são gregárias e costumam transformar-se em crisálidas, 30 mm, próximas umas das outras. Elas são ferozes competidoras. Os machos são atraídos pelas crisálidas das fêmeas pouco antes da eclosão das mesmas, que são fecundadas com suas asas ainda não completamente distendidas. Os adultos costumam, dormir em grupos de até cem borboletas, na ponta de galhos secos. Alimentam-se de néctar. Procriam-se durante todo o ano. O ciclo completo é de um mês e meio e o adulto vive durante seis meses. As fêmeas escolhem os brotos novos de diversas espécies de maracujá para efetuarem as posturas gregárias de até duzentos ovos de 1 mm. Mais de uma fêmea pode utilizar o mesmo broto, formando na haste terminal do vegetal uma massa amarela de ovos. Pássaros, anfíbios, formigas entre outros são seus predadores naturais. A espécie encontra-se ameaçada pela destruição do habitat, caça indiscriminada, tráfico de animais e agrotóxicos.
Possivelmente a mais comum das borboletas. As belas crisálidas (17 mm), cor de ouro, mais parecem jóias que o estágio de um inseto. O adulto pode viver vários meses. Habitam as florestas úmidas e bordas de matas, ocorrendo em quase todo o Brasil. Voa durante os doze meses do ano, lentamente e próxima ao solo, em locais sombreados e úmidos ou em clareiras e bordas das matas, à procura de flores. Alimenta-se de néctar e nitrogênio deixado pelo excremento de aves sobre as folhas das plantas, e mesmo de matéria orgânicas em decomposição. Seu ciclo vital é curto, aproximadamente um mês de ovo a adulto. Os ovos agrupados são colocados em solanáceas, na face superior, e medem aproximadamente 1 mm. As lagartas mantêm-se juntas até o período pré-pupa e, às vezes, mesmo nesse estágio, não se dispersam, não sendo raro encontrarem-se várias crisálidas sob uma mesma folha da planta-alimento. Pássaros, anfíbios, formigas entre outros são seus predadores naturais. Está ameaçada pela destruição do habitat, caça indiscriminada, tráfico de animais e agrotóxicos.
Borboleta da Praia (Parides ascanius)
Bela borboleta negra com detalhes brancos e rosa escuro e com cauda de andorinha. É grande e vistosa com rubras manchas em suas asas. A crisálida, 30 mm, imita um galho seco. Seu habitat se restringe apenas a certos tipos de restinga pantanosa entre o litoral de Campos (Praia de Atafona) e o de Mangaratiba (Muriqui), RJ, regiões que vêm sendo drenadas e colonizadas pelo homem. Ocorre na reserva de Poço das Antas, área protegida, o que talvez evite o total desaparecimento desta bela espécie de borboleta. Seu vôo, pela manhã e à tarde, é lento e gracioso, sobre a vegetação arbustiva, à procura do néctar de diversas flores, tais como o cambará (Lantana camara) e o gervão (Stachytarpheta cayennensis). Alimenta-se de néctar. As fêmeas, que podem viver até três semanas, colocam seus ovos isoladamente, às vezes sob a folha da Aristolochia, ou perto da mesma, em galhos secos ou outros suportes. Os ovos são parasitados por pequenas vespas, o que limita população do inseto e mantém o equilíbrio necessário entre a lagarta, 60 mm, e o hospedeiro vegetal. É evitada por predadores como os pássaros, que a distinguem como impalatável. Isto ocorre, porque a espécie assimila um veneno da única planta-alimento de suas lagartas, Aristolochia macroura (conhecida pelos nomes vulgares de cipó-milhomens-rabudo, cipó-de-cobra, cipó-milhomens-da-praia, jarrinha-de-cauda, jarrinha-da-praia, ipê-mi). A espécie está na lista de ameaçadas de extinção. Cabe ainda ressaltar, que a caça predatória não é fator determinante da ameaça de extinção em que a espécie se encontra, sendo a exploração imobiliária ao longo do litoral do Rio de Janeiro o real fator.
Morpho achilles achilles
É, provavelmente, o mais representativo Morpho da vasta Amazônia. É dificilmente percebida, pois as asas fechadas apresentam um padrão sombrio que se confunde com o solo da mata. Habita a floresta equatorial amazônica. Mesmo quando populações de outras borboletas declinam em função de fatores climáticos, esta subespécie, pode ser vista o ano todo estando presente em quase todas as biotas com seu vôo rápido, irregular, geralmente a dois metros do solo, em trilhas ou mesmo no mais denso da floresta. Passa horas da tarde alimentando-se. São solitárias, crepusculares, escuras e homocrômicas. Após três meses, quando desenvolvidas (atingem cerca de 15 cm de envergadura), ocultam-se durante o dia. Perto da ninfose (estado de ninfa nos insetos; transformação da lagarta em ninfa ou crisálida), dispersam-se e adquirem uma tonalidade esverdeada, fixando-se em folha próxima ao solo úmido. Alimenta-se de substâncias em fermentação, líquidos oriundos de frutos maduros caídos ao chão. As lagartas alimentam-se de diversas leguminosas do sub-bosque da hiléia. À tarde, as fêmeas vão à procura de diversas Fabaceaes (leguminosas) para postura sobre as folhas velhas do vegetal. Seus ovos tem aproximadamente 2,5 mm. Está ameaçada pela destruição do habitat.
Seda-azul, corcovado, azulão (Morpho aega aega)
É a menor das borboletas de asas metálicas, alcançando cerca de 10 cm de envergadura. A fêmea pode ser de um azul menos brilhante, amarela ou amarelo-azulado. Os machos apresentam na face superior das quatro asas uma coloração azul metálica de brilho e intensidade inigualáveis. Já as fêmeas apresentam duas formas com colorações distintas: a forma azul e a forma alaranjada. O belíssimo azul das asas provoca a exploração da espécie para uso em bandejas e outros artigos. Habita locais com grande concentração nativa de taquaras ou bambus, ocorrendo no sul e sudeste do Brasil, chegando até às montanhas do centro do Espírito Santo. Em certas regiões voam durante todo o ano, mas no sul aparecem três vezes, com mais abundância em março e dezembro. Os machos aparecem à partir das 9:00, e as fêmeas voam geralmente após as 12:00. É um dos mais fantásticos espetáculos da natureza a visão de dezenas dessas borboletas voando ao mesmo tempo e se destacando sobre o verde da vegetação. Alimenta-se de bambus nativos (Chusquea), planta alimento de suas lagartas. Durante o período de reprodução, o macho voa em busca de fêmeas, sem levar em conta a cor, uma vez que as azuis, amarelas ou amarelo-azuladas ocorrem na mesma época. As fêmeas virgens são atraídas pelo fascínio da beleza das asas do macho. Os ovos de 1,8 mm são colocados isoladamente ou em pequenos grupos sobre as folhas das taquaras e bambus. Após à eclosão, as lagartas (50 mm) se dispersam e tecem uma seda sob a folha onde passam o dia, saindo à noite para se alimentarem. A crisálida (28 mm), quando sadia, é verde, mas torna-se preta quando atacada por fungos que dizima as populações da espécie na natureza. Fungos e pássaros são seus predadores naturais. Contam-se aos milhões o número dessas borboletas capturadas anualmente e sua extinção só não ocorreu porque as densas populações ocupam imensas áreas dos bambus nativos.
Seda-azul, cocovado, azulão (Morpho anaxibia)
É uma das mais conhecidas borboletas brasileiras, símbolo dos trópicos e da sua exuberância. Chamada vulgarmente de “azul-seda” – o azul é provocado pela refração da luz em minúsculas escamas transparentes, inseridas nas asas da borboleta, e atrai as fêmeas virgens que os procuram para o acasalamento. O macho pode chegar até 12,5 cm de envergadura. A fêmea pode ser de um azul não tão metálico quanto o do macho, com os bordos das asas manchados de branco, de amarelo sobre preto. Há fêmeas com o mesmo padrão, só que de asas amareladas ao invés de azuis. O lado ventral das asas de ambos os sexos é marrom, com manchas ocelares. A coloração azul-metálica é uma adaptação morfológica para as borboletas cujo vôo ocorre sob os raios solares diretos, pois reflete o calor. Esse azul fascinante das asas do macho serve também para atrair fêmeas virgens. Embora habite o topo das grandes árvores de florestas tropicais, nos dias quentes e secos, cedo, pela manhã, desce aos lugares úmidos para sugar a água. Ocorre no centro e sudeste brasileiros, sendo comum no Rio de Janeiro, nos meses de verão, principalmente fevereiro. Seu vôo é alto, lento e majestoso, aproveitando as correntes aéreas, contrastando-se com o fundo verde da floresta. Os adultos machos realizam breves disputas aéreas. Em março começa a desaparecer, depois da reprodução, ressurgindo no verão seguinte. Os ovos isolados são colocados na parte superior das folhas de diversas plantas, tais como a grumixama (Eugenia brasiliensis), o arco-de-pipa (Erythroxylum pulchrum) e a caneleira (Ocotea pulchella). As lagartas, logo que nascem, 3 mm, comem a casca do ovo e se alojam na parte inferior da folha, onde tecem uma seda para se fixarem. No crepúsculo, saem para se alimentar, voltando após para o mesmo local, onde passam o dia. Crescem lentamente e em abril ainda estão no primeiro estágio. Antes da fase de crisálida, a lagarta muda de cor, aos 40 mm, cor esta que será da crisálida, 35 mm, e que passa a cinza, pouco antes da eclosão do inseto adulto. Os pássaros são seu maiores predadores naturais. Está ameaçada pela caça criminosa, tráfico de animais silvestres e destruição do habitat.
Espécie endêmica da Mata Atlântica com ocorrência restrita a uma área que situa-se entre os estados do Espírito Santo e o sul da Bahia. No passado, dentro dessa região, todas as espécies de borboletas do gênero Heliconius alimentavam-se de uma ampla gama de espécies de maracujás. O desmatamento atual dessa região, gerou uma concorrência entre esta espécie e outras do gênero mesmo gênero, pela planta alimento da lagarta, o maracujá selvagem (Tetrastylis ovalis). Encontra-se classificada na categoria de ameaçada devido à destruição do habitat.
Mimoides lysithous harrisianus
Borboleta preta, com uma faixa branca nas asas e outra na cor rosa, mais embaixo. Ocorre entre o sul do Espírito Santo e a costa do Rio de Janeiro. Todavia, as únicas populações atualmente conhecidas estão restritas à Reserva Biológica de Poço das Antas, município de Barra de São João. Voa lentamente por cima das plantas. encontra-se ameaçada pela exploração imobiliária, o principal fator que determina o seu processo de extinção.
Estaladeira (Hamadryas feronia)
Quando pousada, é quase imperceptível, devido ao mimetismo das asas, que imitam o colorido de troncos e liquens. É de porte médio, com 75 mm de envergadura. Suas crisálidas assemelham-se a uma folha seca, meio retorcida, com dois prolongamentos no ápice. É assim chamada por produzir estalidos secos, característicos, durante o vôo. É interessante, também, seu modo de pousar: cabeça para baixo, asas estendidas sobre o tronco de árvore.
Agrias claudina claudina
É um exemplo de que a caça pode levar uma borboleta a extinção. Em algumas porções da Mata Atlântica no Sudeste brasileiro, com por exemplo, no Parque Nacional da Tijuca, esta subespécie já está extinta, por causa da ação dos caçadores de borboletas que usam suas asas com adornos.
Seu nome é devido aos arabescos existentes no lado ventral das asas posteriores, que formam o número 88. Apresentam, em média, 60 mm de envergadura. Habitam o cerrado, Mata Atlântica e nos mais diversos ambientes. Voam em locais abertos e iluminados, muitas vezes em busca de frutos caídos, para se alimentar. Alimentam-se de néctar e frutos caídos na mata. A fêmea põe ovos isolados na planta-alimento. A lagarta, ao completar as mudas, instala-se na superfície da folha e se transforma em crisálida. Os pássaros são seus maiores predadores naturais. A espécie está ameaçada pela destruição de seu habitat e à caça.
Borboleta de grande porte, podendo atingir até 145 mm de envergadura. Habita regiões com altitudes acima de 800 m. É vista voando em fins de fevereiro, março e abril. O indivíduo adulto alimenta-se de frutos bem maduros, em fermentação. A fêmea, em geral, é guiada pelo cheiro de plantas como o ingazeiro (Inga uruguensis), para pôr os ovos na parte superior de folhas que recebam luz e sombra. Lagartas avermelhadas que continuam agrupadas, imóveis, na ponta dos galhos durante o dia e movimentam-se para se alimentar durante a noite. Os ovos podem ser atacados por fungos ou levados pela chuva. Ameaçada pela destruição do habitat.